As minhas primeiras experiências no campo da Educação foram com a primeira série, hoje segundo ano. Não foi necessário muito tempo para logo perceber os prejuízos que se davam às crianças que entravam nesta série antes de completarem os seus sete anos, comumente as que completavam a partir de julho. Tão visível quanto exigir que uma criança de seis meses ou menos ande. É exigir demais da espécie humana em seu processo de evolução!
Sempre analisei o fato das mães quererem colocar seus filhos de seis anos, e às vezes cinco, na bendita primeira série. Normalmente para dizerem às amigas e familiares que a filha ou o filho estavam “adiantados”. Orgulho de mãe, inflado, é o que percebia. Pimenta nos olhos dos outros sempre foi refresco. Era o filho, não era ela... Com o passar dos anos sempre foi possível perceber o arrependimento dessas mães pelo crime emocional cometido com seus filhos. Tarde demais.
Infelizmente, o erro que cometemos com o nosso filho não há nada que apague as lembranças das humilhações de ser cobrado algo que estava sempre além do seu alcance, de sentir-se menor perante os colegas, não tanto fisicamente, mas intelectual e emocionalmente. E por aí seguem as sequelas por uma vida inteira, com raríssimas exceções.
Por outro lado, nem só as mães erram, mas aqueles que representam a Educação, também. Exatamente aqueles que criam leis e executam-nas para depois analisarem os efeitos delas sobre as vidas das pessoas, no caso crianças.
Em 2006, quando foi criado o ensino fundamental de nove anos para a rede pública, para entrar no primeiro ano (antiga pré-escola) a criança teria que completar seis anos até 31 de dezembro. No ano seguinte, ao entrar para o segundo ano (antiga primeira série), você já consegue perceber que ela completaria 7 anos até 31 de dezembro.
A questão é que não foram apenas algumas crianças, mas milhares, milhões... Crianças que já desistiram de estudar ou até hoje estão nas salas de aula amargando o passar dos anos, enfrentando dificuldades diversas porque não foram respeitadas no seu desenvolvimento emocional, físico, intelectual e social.
Segundo o jornal Folha de São Paulo deste domingo, 16 de agosto de 2009, “Fundamental só terá criança que faz 6 anos até janeiro. A entrada dos novos alunos, no entanto, já deve seguir a lei. O Conselho Estadual de Educação fixou normas nacionais, com diretrizes claras, para que só sejam matriculadas no 1.º ano do ensino fundamental crianças que completem 6 anos até o início do ano letivo”.
Parabéns para a nova mudança! Pois, de acordo também com a Secretaria Municipal de Educação, “Alunos que completarem 6 anos após essa data deverão permanecer na pré-escola (primeiro ano).
Ainda que um pouco tarde, e cujo tempo nada mais poderá fazer pelos que foram massacrados em sua autoestima, é válida porém pelos que a partir de 2010, em todo o país, serão privilegiados com tamanho acerto da Educação, esta mesma que cria e executa leis pensando no futuro do nosso país.
Denize do Nascimento Gonçalves
Orientadora Educacional e Psicopedagoga
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