Era uma vez uma mãe; uma mãe e seus dois filhos. Ela os amamentou, criou, educou e quando eles cresceram e se foram, ela quase morreu...
Estava lendo um texto que dizia que a boa mãe é aquela que vai se tornando desnecessária com o passar do tempo. E de fato é verdade.
Quantas de nós, mães, queremos estar a vida inteira no poder, no comando de voz dentro de casa, em relação aos nossos filhos, imperando como se fôssemos verdadeiras rainhas em seus castelos?
Quantas de nós não lançamos mão de sermões para impor as regras da boa conduta e do bom comportamento sobre os nossos rebentos como se fôssemos as criaturas mais perfeitas do Universo?
Quantas de nós não brigamos, gritamos, reclamamos e até batemos em nossos filhos alegando que é para educá-los?
Assim gerações de mães têm agido em nome da educação de seus filhos, porém quando alguém fala ou faz alguma coisa que fere, chateia, ensina os nossos filhos contra o nosso gosto, voamos em direção de suas defesas como verdadeiras águias ao ataque e ainda dizemos: eu defendo os meus filhos com unhas e dentes!, acreditando estarmos certas.
Dalai Lama disse certa vez: “Dê a quem você ama: asas para voar, raízes para voltar, motivos para ficar”. E assim disse tudo para nós, mães.
Será que estamos dando asas aos nossos filhos para voarem ou estamos, diariamente, dando tudo o que pedem em suas mãos de forma que não tenham o trabalho de mexer as asas para não alçarem voos?
Será que estamos criando raízes de sabedoria em seus sentimentos através do afeto e da amizade verdadeira que fortalece e não aleija para na maioridade poderem voltar para casa, se um dia dela saírem?
Estamos dando motivos para que eles voltem um dia para nossos corações ou estamos apenas sufocando-os de pseudos amores que só retratam o nosso egoísmo pelo medo da solidão e da ingratidão por não reconhecerem todo o esforço que dedicamos a eles quando mais precisavam de nós?
Quantas mães quando morrem não deixam seus filhos já adultos a chorarem, lastimarem, sofrerem inconsoladamente as dores de suas partidas levando-os a esquecerem até mesmo dos familiares que ficaram por não aceitarem a morte, um tempo de ausência?
Toda ave ensina seu filhote a voar. Por que nós mães, em sua totalidade, não usamos da mesma sabedoria?
Filhos crescem e é bom que cresçam, caso contrário viverão a vida inteira sob a nossa dependência, se não financeira, psicológica e afetiva, o que é nocivo para a edificação de suas vidas.
O que fazermos, então, de nossas vidas quando eles alcançarem a maioridade? Esta é a pergunta que toda mãe deve fazer a si mesma. Aí, sim, encontraremos a resposta: preencher outras vidas, ajudar outras pessoas que carecem de afeto, de atenção, e assim, sentirmo-nos verdadeiramente úteis como sempre nos sentimos desde que trouxemos nossos filhos à vida.
Somente o fato de nos sentirmos úteis tem o poder mágico de nos alegrar e pacificar as almas que nasceram para doar de si.
Denize do Nascimento Gonçalves